quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Otávio, uma lenda do VEC - Matéria do Gazeta Veranense


Seu Otávio é muito mais do que um simples roupeiro. Ele é uma lenda do Veranópolis Esporte Clube (VEC). Com a proximidade do início de mais um ano, chega também a hora de outro  Campeonato Gaúcho. O VEC já tem o plantel praticamente formado. Serão atletas que passarão pela Terra da Longevidade. Mas Otávio Alves de Oliveira, 65 anos, permanecerá no Pentacolor, como já acontece desde a fundação do clube.  Ele é o  primeiro e único roupeiro da história do VEC.
Natural de Venâncio Aires, ele se mudou para Veranópolis em 1969, para trabalhar na Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). Dois anos depois, entrou para o Dalban, como treinador das escolinhas, onde foi campeão regional, em 1985. Quatro anos depois de ter levantado o caneco, transferiu-se para o então arquirrival Veranense.
Até que, em 1992, os dois times se uniram e formaram o VEC. Adenor Leonardo Bacchi, o “Tite”, foi contratado para ser o técnico do mais novo clube gaúcho. Seu Otávio, então, foi convidado pelo treinador para ser o roupeiro, função que nunca tinha exercido. Ele topou. De lá para cá, ele conta que o clube mudou bastante. Para melhor. O time iniciou com poucos materiais e escassos recursos, por isso era difícil “fazer” futebol. Seu Otávio lembra que naquela época era necessário fazer rifas para pagar o grupo.
Além de ser dono de uma coleção com 140 camisas (incluindo as de todos os anos do Pentacolor), seu Otávio tem muitas histórias para contar. A sua preferida é a do acesso à Primeira Divisão, ocorrido em 28 de novembro de 1993. Na penúltima rodada do quadrangular final da Segunda Divisão daquele ano, no Estádio da Pedra Moura, em Bagé, o Pentacolor empatou por 1 a 1 com o Grêmio Bagé.
Apesar das duas equipes conquistarem a classificação para o ano seguinte, seu Otávio recorda que a torcida local vaiou o time da casa e aplaudiu o Veranópolis, pois queria que os bageenses vencessem o confronto, para garantirem o título. O fato é que os dois times jogaram “amigavelmente”, pois ambos se beneficiavam com o resultado. A viagem da volta foi uma festa. Quando a delegação chegou, a comunidade foi para a Praça 15 de Novembro recepcionar. 

- As pessoas jogavam os atletas no chafariz da praça. Foi uma coisa linda – recorda.

Na semana seguinte, a equipe derrotou o Tresmaiense por 2 a 0, em casa, e conquistou o título. Seu Otávio lembra que as redondezas do Estádio da Palugana foram tomadas por carros. Muitas pessoas estavam em pé junto ao alambrado. Depois, os jogadores e a comissão técnica desfilaram no caminhão dos Bombeiros pelas ruas.
Em 2007, o time teve sua única experiência em competições nacionais. Pela Copa do Brasil, enfrentou o Cruzeiro, de Minas Gerais. Na partida de ida, no ADF, o placar não saiu do 0 a 0. Na volta, em Belo Horizonte, o VEC perdeu por 1 a 0 e foi eliminado. Por pouco não empatou o jogo. Se isso acontecesse, teria passado para a segunda fase. A delegação viajou de avião, e foi também a primeira vez que seu Otávio viajou pelo ar. Ele confessa que tinha curiosidade em voar, medo não.
Carinho do treinador e amigo

O atual técnico do VEC, Gilmar Dal Pozzo, era o goleiro naquele ano. Hoje, se tornou amigo particular de seu Otávio, que o considera uma pessoa de muito diálogo. O roupeiro torce muito por Dal Pozzo e considera que o treinador “tem futuro” em grandes equipes. Porém, quando um time não vai bem em um campeonato, o treinador é o primeiro a ser demitido.
Já Dal Pozzo diz que seu Otávio é um profissional identificado com o Veranópolis, pois está há quase vinte anos no Pentacolor. Além disso, tem competência, boa índole e ótimo caráter.

- Ao se falar do Veranópolis, deve-se lembrar do seu Otávio – observa.

O roupeiro ainda recorda com carinho o terceiro lugar nos Gauchões de 1997 a 1999, considerada uma das melhores fases do clube.

Seu Otávio diz que futebol é coisa de amigos, direção e a família, o que dá uma sustentação. No caso dele, o filho Leandro e a esposa Olinda são a base familiar. Ele vê o VEC em uma posição privilegiada, pois outras cidades maiores não têm times na Primeira Divisão, e quem caiu provou o quanto é complicado retornar.
- Tomara que o VEC nunca caia, porque será difícil voltar – torce.

Fonte: Luís Felipe Peracchi - Gazeta Veranense 

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